Mãe... Eu Vou!

Tem coisas na vida que são mesmo especiais, mas nada como família.

E é pela minha que mudei todos os meus planos pro fim de ano.

Ia passar as festas aqui mesmo, com meu pequeno pedacinho de família que mora perto, mas a situação pede uma dose mais forte: vou viajar pra minha Terra-Querida!

Mamy anda deprê desde a morte do meu velho há um ano atrás e não seria bom não ter a casa cheia. Além disso, soubemos há uma semana que uma prima minha, amada até o avesso da alma, está com câncer de mama. Fora isso ela anda com a síndrome do ninho vazio já que eu e o caçula moramos na Bahia, o mais velho no Rio e o quarto está se mudando pra Curitiba em janeiro... cada um seguindo os próprios passos... Só ficou o segundo que mora pertinho... mas pra mãe nunca é suficiente né?

Meu caçula vai ficar tristinho... fizemos planos, mas ele e a esposa têm outra pequena família e ficarão bem.

Agora, preciso pensar no útero que me fez e me deu tanto aconchego e amor e ir lá...inteira... pra trocar de lugar com ela e colocá-la no meu colo imenso e cheio de carinho e calor.

Tô chegando mãe!

Renascimento

Estou em processo de mutação…

Na verdade, estamos sempre mudando, conhecendo, entendendo algum processo novo que se passa dentro de nós, mas tem momentos em que essa mutação se faz presente como uma cachoeira...firme, intensa, majestosa.

É esse o meu momento...

Minhas luzes se apagam e se acendem vigorosamente como os enfeites das casas na noite de Natal em uma dinâmica que acontece apenas em algumas fases da vida.

Eu vou ao abismo pra me conhecer e volto fortalecida da experiência de me saber inteira, de me enxergar no todo, de me nascer de novo e voltar a ser eu mesma em toda a minha plenitude.

Nova Perspectiva

Olhando, de cantinho de olho, posso ver que muita coisa acontece ao meu redor.

E a gente, besta, fica aqui acreditando no que cristalizou como se fosse a única verdade do mundo.

É bom ter outras perspectivas, olhar com outros olhares... A vida fica mais colorida e com mais movimento olhando pelo cantinho do olho...

Pelas Frestas

Hoje a luz de Cazuza ilumina meus porões:

O seu amor é uma mentira que a minha vaidade quer...

Basta de palavras!

Deficiência Cruel

E, como se não bastassem as múltiplas deficiências que temos, a maior delas é que Deus não nos fez com a capacidade natural de andar pra trás com maestria.

Às vezes é mais do que necessário ter a dignidade de andar em outra direção.

Quando uma queda ou uma tormenta nos precede e nos aguarda mais à frente, andar pra trás é o melhor que podemos fazer para nos salvar a vida e a saúde mental...

Sobre a areia...

É que às vezes eu sou como areia...fininha...escorrendo entre os dedos...

Os ventos me levam...de grão em grão...

E quem percebe a não ser minha própria alma?

O que eu sei é que eu vou...lentamente...mas vou.

Silêncio

Quando não se tem nada de bom a dizer, não se deve dizer NADA!

O silêncio é a melhor resposta...

Metamorfose

Porque quando a escuridão chega, nem as minhas luzes conseguem permanecer brilhando.

E tudo vira caos, e a roda da vida vai girando com pressa e é como se eu estivesse paralisada por algo que desconheço, mas que se torna mais forte que eu.

Em momentos como esse, me transformo em pupa,vagalume em formação... paralisada...mas ainda assim, meu brilho está aqui...minha luz permanece, mesmo que brilhe pouco, mesmo que não seja vista.

E essa fase passa...e eis que chegará o dia em que minha metamorfose estará completa de novo e voltarei a acender meu candelabro vitorioso!

A Essência das Palavras

Sou formada de palavras...

Elas têm peso sobre mim e às vezes pesam tanto que me sufocam, como se um milhão delas tivesse sido jogado em cima de mim.

Às vezes elas são tão doces e suaves que me confortam e me dão uma prova da existência de Deus e da sua bondade.

Em dias como hoje, porém, elas são amargas e frias... Não dão prazer, não são essenciais, e então eu me calo...

Devaneio Inicial

Essa lumen essentia é a luz que brota de mim...

Vou parindo minhas idéias e dando luz à elas pra que elas ganhem forma e cor nesse mundo cheio de olhos cobiçosos em me enxergar até a última palavra.

E quem não quiser ler, que apague os próprios candelabros e abajures e velas.

Eu vou continuar emitindo o brilho que insiste em não se guardar em meio à poeira dos meus espaços sombrios...